Mae, pai, companheiro, filhos by FenrirSleeps, literature
Literature
Mae, pai, companheiro, filhos
Tempus fugit.
Temos sempre todo o tempo do mundo para estarmos com os nossos amigos na esplanada. Nunca controlamos as horas. Em contrapartida, para com aqueles a quem devemos tudo, nunca nos sobram os minutos.
Levantamo-nos da mesa e acabamos abruptamente a conversa. Atiramos palavras feias sobre os pratos. Mandamos os velhotes arranjar outro público, que nós estamos cansados das mesmas conversas, que somos sempre os mesmos alvos em vinte e tal anos de conselhos e recados.
Culpamo-los. Escondemos propositadamente o bem que por nós fizeram. Naquele momento, as suas faces são o rosto dos seus defeitos. Na cegueira impost
É este o ruído da noite. O cacarejar do plástico sobre o plástico. O uivo solitário do supermercado sob a lua crescente, o rendilhado branco sufocado no berço de canas, a orquestra anorética de mil flautas vivas que assobiam ao vento gélido da promessa noturna de primavera. É este o ritmo lento do tambor gigante do parque de estacionamento, o reme-reme dos plásticos em tornado pelo ar, a angústia de todo este lixo que só será recolhido amanhã pelo choque de vácuo da carrinha de valores. Tum. Tum. É esta a marcha das pessoas que saem de carrinhos cheios e danç
O ultimo suspiro do deus criador by FenrirSleeps, literature
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O ultimo suspiro do deus criador
Contemplem a minha desgraça: após dar vida a estas criaturas feitas à minha imagem e semelhança, sou relegado a figuras de porcelana escondidas nas sombras de templos frios, ou a estátuas de calcário decaindo em pó fino que o vento aos poucos leva.
Mal agradecidos. Se estas velhas mãos ainda possuíssem uma fração da força que tinham quando com elas moldei as montanhas, esmagava-lhes as cidades entre os dedos, como se de apenas curiosas e minúsculas formações de areia se tratassem.
Mas não. Afundo-me agora, lentamente, no barro da Terra. De braços erguidos a
Ela inclinou-se um pouco mais sobre o parapeito da janela sentindo um pouco do vento beijar-lhe o rosto, bagunçar o cabelo jeito meio cinematográfico ou meia maldade. Respirou como quem mede o tempo e a consequência das palavras. Num momento que pareceu eterno voltou-se e quebrou o silêncio com a vozinha aguçada:
- Deixa-me fazer-te feliz. – Declarou. Não pediu nem perguntou. Fiquei a olhar para ela medindo a reação ou talvez esperando uma qualquer continuação. – Não vais dizer nada?
- Feliz como? Não há nada neste momento que me possas dar que me faça feliz.
-
Saudades.
de quando fizeste
do meu cabelo ninho
para fazer crescer sonhos
e de todas as canções
que deixamos de escrever
porque havia corpos por tocar
de novo. como da primeira vez.
Saudades.
das vezes que escondemos
o corpo. o universo. o destino.
por entre os lençóis
para que o mundo ficasse
do lado de fora.
de quando me vias sem idade,
sem defeitos, sem quilos a mais,
sem as rugas que espreitam
e que eu amava por serem de sorrir,
Saudades.
de quando para ti era eterna
e a paixão era cega a coisas humanas
e éramos feras. monstros. anjos.
assustadoramente felizes e cegos.
hoje vês tudo.
cada defeit
Amor morremos.
Quando a chuva parou
E ao frio sucedeu o verão.
Quando tudo à nossa volta renascia
Meu amor, morremos.
Apesar de o teu corpo e o meu corpo
Em noites intermináveis
Sobre este céu sem nuvens
E dos beijos insaciáveis
Marcados na minha pele
Tocada pela luz quente
Apesar dos pássaros que cantam
E dos frutos que nos adoçam
E dos dedos entrelaçados,
Dos suspiros arrancados
E dos gemidos sussurrados
E das crianças brincando na praia
Construindo castelos de areia
E achando que o mundo é eterno
Apesar dos cabelos emaranhados
E das palavras e dos amores
Arrancados de entre as minhas
Viver e muito perigoso... by israelanzorena, journal
Viver e muito perigoso...
A vida paulistana, sempre muito corrida! As vivencias hoje em dia existem apenas para as crianças e jovens desempregados. E quem não quer ter um emprego hoje em dia? O sonho do paulistano é "ganhar a vida". E que vida!
Por onde se passa se vê: luzes, cartazes, propagandas mostrando aos pobres coisas que não terão. O famoso marketing, fazendo com que as pessoas se invejem. São milhares de historias como as de Pedro, que virou pai aos 17 anos, sem trabalho e sem dinheiro. Ele amava-os, queria lhes dar tudo oque aparecia nas propagandas se iludindo com a felicidade.
Mas um belo dia, vendo seu filho
Pode haver um acidente,
agora ou de repente,
á todo momento.
Vemos o mundo por acidentes,
vemos o mundo ao acaso,
em momentos eloquentes
nos tratamos como doentes.
A distração pode ser um acidente,
algo decorrente
de uma maré escandecente.
Algo destruidor ou renovador,
tudo depende do ângulo do observador.
A mente cria tudo, e o tudo cria a mente.
Olhares vem e vão em meio a multidão.
Nada se enxerga, porém tudo se relaciona,
como se fosse um mero "acidente"...
Sempre vivi nesta corrida, e a vida não facilitou.
Já quis vencer, já quis perder
Mas a corrida nunca acabou.
Quando acreditei ser o fim,
Era apenas mais uma volta...
Então chorei, gritei, cantei
E vivi como uma criança.
Mas o tempo não facilitou,
Mesmo eu tentando me superar.
A cada volta uma tentativa.
Mas a corrida nunca acabou..
Sim, eu perdi o controle
Tentando dar sentido a tudo isso.
Sai da pista, bati de frente com a loucura.
E a vida não acabou...
Continuei dando voltas
nunca soube para onde ir,
Não existia o caminho.
Mas a corrida nunca acabou!
Já não sabia o que f
A Alvorada desce os céus e para, chama o Meio-dia, chama das Horas, sempre apressadas.
Corre, Tempo, não tem por que parar.
E, no mar, rasga infinito azul o Quinquerreme da Vitória. É Magnífico. O aríete de bronze ruge espantando sereias e nereidas. O mar é vasto. E há tanto a conhecer. “Talvez, se eu navegar mais rápido, eu atravesse os pilares de Hércules. Observaria os mares gelados da Bretanha à noite e saudaria Sol Invicto no estuário da Gironda. Iria do Mosa, dobraria a Jutlândia e iria até o Neman”. E repetia para si enquanto ia para o ofício de Belo